Saudações, meus queridos folkboxers (ainda tem alguém por aí?).
Tirando as poeiras, batendo as cortinas e descobrindo os móveis. Venho tirar as teias de Folk Box para falar dele: o cabeludo que fez a cabeça da geração teen na última década, mas que agora investe em um album alegórico, sintetizado e repleto de setentismos e oitentismos preciosos. Calma lá, não estou falando do BØRNS, mas sim de Harry Styles. Sim, ele mesmo, o ex-one direction.
Provando que envelhece tão bem quanto vinho e que sabe tirar de letra o alegorismo late-century que tanto aposta, Harry está de álbum freshquinho e cheio de tiricoticos – que me inspiraram a escrever sobre essa trip de 47 minutos que ele nos deu de presente nesse finalzinho de década. Se você é daqueles que se recusa a apreciar o material do cara por causa de seu histórico na boy band, te digo de coração para deixar teu preconceito de lado e escutar os dois últimos trabalhos dele. É denso!
Vamos aos fatos logo de cara: O album está bom! Para começo de conversa, temos na capa a assinatura angular de Tim Walker (não sabe quem é? procure saber), o que já me deixa suspeito para comentar sobre a qualidade desse disco. Fora isso, as 12 tracks se mostram como um pequeno altar, onde faz-se reverências à música last century – que também faz parte da estética do cantor, diga-se de passagem. Fica fácil também de notar o flerte com o folk à la Bon Ver/Dallas Green.
Styles não abandona o romantismo signature e as poesias desiludidas de praxe, mas vem com faixas variadas. Harry sabe sobre o que está falando e onde quer chegar – algo que só fica mais claro ao se observar a trajetória desde seu álbum homônimo. A distribuição energética das músicas variam bastante – desde as magnética Adore You e Lights Up, passando por baladinhas como She, finalizando na música que batiza a obra – uma melancolia decrescente.
Fade-in/outs, aquele tecladinho sintético ícone, cordas bem alinhadas, camadas bem trabalhadas… material robustão, sabe? Agora soma tudo isso a um último disco já pesado e bem recebido, boa presença de mídia, fã-base fiel e uma pitadinha do gostosismo andrógeno do cantor: fórmula perfeita.
Fine Line é voraz, inteligente, com referências bem esquematizadas e bem distribuídas. Fine Line é um repertório de baladinhas, boas para dançar abraçada ao teu dog. Fine Line consegue ser dançante, do tipo que te faz chacoalhar os ombrinhos. Fine Line é aquela trilha de final de tarde no carro com os amigos. Fine Line é disco pra se debater sobre, segurando meia taça cheia do tinto que estava em promoção do mercado. Fine Line é a trilha dos teus stories no espelho depois que você está pronta pra sair. Fine Line é a trilha do cafuné com teu love naquele dia que a chuva insiste em bater forte na janela. E me permitindo deixar a empolgação falar mais alto: Fine Lines é álbum pra permanecer relevante nos próximos anos. Sinto muito com quem discorda, mas não posso obrigar ninguém a estar certo.
Para não perder o costume, te apresento minhas favoritas:
- She
- Adore You
- Fine Line
- Lights Up
O disco já está disponível em todas as plataformas digitais. É só pedir à Siri, Alexa ou Google, que elas te jogam no caminho.
Este álbum é contraindicado para corações partidos.
See ya.